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Vysshaya Liga 2020 - Futebol em tempos de Pandemia

Vysshaya Liga 2020 - Futebol em tempos de Pandemia

Foto: "Getty Images"

Suspensas que estão as principais competições futebolísticas à escala global, as atenções voltam-se para destinos e latitudes menos convencionais. A Vysshaya Liga, principal divisão do futebol bielorrusso, nunca teve uma edição tão mediática quanto a atual, iniciada a 19 de março. O Presidente da República Aleksander Lukashenko recusou parar o país em função da Pandemia de COVID-19 e é já este fim-de-semana que arranca a jornada 6 da competição.

A 19 de março de 2020, Energetik-BGU e BATE Borisov deram o pontapé de saída na Vysshaya Liga 2020, 30ª edição da divisão máxima do futebol bielorusso que se prolonga até ao início do mês de dezembro. Há mais de um mês que se joga futebol na Bielorrússia, em contraste absoluto com o que se passa em todos os pontos do globo. A Vysshaya Liga 2020 é disputada por 16 emblemas, distribuídos por 12 cidades distintas.  A capital Minsk serve de casa a quatro emblemas: Dinamo Minsk, Energetik-BGU, Isloch e FK Minsk. Nas restantes 12 cidades, só uma tem mais que um emblema em competição nesta Vysshaya Liga 2020: Brest, cidade situada perto da fronteira com a Polónia que serve de casa ao Dinamo, campeão em título, bem como ao recém-promovido Rukh.

 O campeonato bielorrusso é disputado a duas voltas, em sistema de todos contra todos. O campeão apura-se diretamente para a primeira pré-eliminatória de acesso à Liga dos Campeões, ao passo que o segundo e terceiro classificados têm direito a vagas na segunda pré-eliminatória da Liga Europa.

Já na parte mais baixa da tabela, os dois últimos ficam imediatamente condenados a disputar o segundo escalão, ao passo que o antepenúltimo tem direito a jogar um “play-off” ante o terceiro colocado da fase regular do segundo escalão.

Para efeitos de desempate pontual, são aplicados os seguintes critérios:

  1. Número de pontos no confronto direto entre emblemas empatados;
  2. Diferença de golos nos jogos entre si;
  3. Golos marcados nos encontros entre si;
  4. Diferença de golos;
  5. Jogos ganhos;
  6. Golos marcados.

Todos contra o BATE

Vencedor de 13 (!) edições consecutivas do principal escalão bielorrusso entre 2006 e 2019, o BATE Borisov construiu a quarta maior hegemonia da história dos campeonatos nacionais, somente atrás do Tafea (15 campeonatos do Vanuatu consecutivos), do Lincoln (14 títulos de campeão de Gibraltar seguidos) e do Skonto Riga (vencedor de 14 campeonatos da Letónia de modo consecutivo). Em novembro de 2019, o Dínamo Brest contrariou as odds e venceu a Vysshaya Liga, erguendo o troféu pela primeira vez na sua história. Refundado em 1996 num projeto liderado Anatoly Kapsky, dono de uma companhia de tratores que investiu consideravelmente no clube, o BATE Borisov estreou-se no principal escalão bielorrusso em 1998 e, desde então, só por uma vez não terminou entre os três primeiros colocados da tabela.

Único emblema bielorrusso a competir na fase de grupos da Liga dos Campeões, o BATE Borisov já marcou presença em cinco edições da competição, a última delas em 2015/16. Os prémios monetários resultantes das constantes participações na “liga milionária” ajudaram o BATE a cimentar a sua hegemonia no país que anteriormente integrava a extinta URSS. Este ano, o BATE Borisov entra em cena de olhos postos na reconquista do campeonato. A sua campanha na Vysshaya Liga 2020 não começou da melhor forma, mas o favoritismo no que concerne à conquista do título está do seu lado. Mas afinal, quem foi capaz de quebrar o domínio avassalador dos homens de Borisov?

A primeira vez do Dinamo Brest

O dia 24 de novembro de 2019 ficará para sempre na história do Dinamo Brest. Pela primeira vez em 59 anos de história, o Dinamo sagrou-se campeão bielorrusso sem derrotas (!), colocando um ponto final na incrível hegemonia do BATE Borisov (13 títulos consecutivos). Apesar de ter marcado presença em todas as edições do escalão máximo bielorrusso desde 1992, até então, o Dinamo não tinha conseguido melhor que um terceiro lugar, precisamente na edição inaugural. Ao sucesso do Dinamo, emblema que chegou a ser presidido por Diego Armando Maradona em 2018 naquilo que se pôde considerar essencialmente um golpe de marketing, não é alheio o investimento da Sohra Overseas, empresa que financia o clube desde 2016 e permitiu reforçar o investimento na construção do plantel. 

O título conquistado em 2019 não confere o estatuto de favorita à formação que conta com o português Dénis Duarte nas suas fileiras, mas o Dinamo Brest é um dos candidatos aos três primeiros lugares. Ao vencer a Vysshaya Liga pela primeira vez, o Dinamo Brest juntou-se a Shakhtyor Soligorsk, Gomel, Belshina, Denpr Mogilev (1 conquista cada), Slavia-Mozyr (2), Dinamo Minsk (7) e, claro, ao “recordista” BATE (15).

A segunda principal força do futebol bielorrusso reside na capital: o Dinamo Minsk, único clube bielorrusso outrora envolvido no extinto Campeonato Soviético. Vencedor das cinco primeiras edições do campeonato da Bielorrússia (1992, 1992/93, 1993/1994, 1994/1995 e 1995), desde então que o Dinamo só voltou a erguer o troféu em 1997 e 2004, mas continua a ser o segundo clube com mais edições da prova conquistadas, um total de sete. A atual campanha não começou nada bem para a formação e Minsk que sofreu inclusive uma “chicotada psicológica” após cinco jornadas: Sergei Gurenko abandonou o cargo para dar lugar ao experiente Leonid Kuchuk. O ano de 2019 foi uma desilusão para os “azuis e brancos” de Minsk, dado que terminaram no quarto lugar, algo que não acontecia há oito anos. O Dinamo Minsk é o emblema que mais vezes terminou no segundo posto da principal divisão bielorrussa: nove.

Os “Dinamos” Brest e Minsk são dois dos quatro emblemas que disputaram todas as edições do primeiro escalão bielorrusso desde a sua fundação, em 1992, mas há mais dois emblemas neste lote: o Shakhtyor Soligorsk, campeão em 2005, também nunca abandonou a elite bielorrussa. Por último mas não menos importante, o único emblema deste quarteto que nunca conquistou uma edição da prova. Falamos do Neman, emblema com o mesmo nome que o rio que banha Grodno, a sua cidade. A melhor prestação do Neman remonta a 2002, ocasião em que terminou na segunda posição do “play-off” de apuramento do campeão. Desde então, nunca mais terminou no “top 3”, não obstante o seu respeitável percurso.

O estreante Rukh e as cinco primeiras jornadas

Fundado apenas em 2016, o Rukh Brest protagonizou uma ascensão meteórica. Com estreitas ligações ao Dinamo, o outro emblema da cidade de Brest, o Rukh é a única equipa em estreia na primeira divisão bielorrussa. No entanto, o Rukh não é o único emblema com parca experiência na elite bielorrussa. O Smolevichi-STI, também ele promovido este ano, está a disputar apenas a cumprir a sua segunda experiência entre os maiores emblemas do país. A completar o trio de emblemas promovidos, um conjunto outrora campeão. O Belshina, vencedor da prova em 2001, regressou este ano a um patamar em que não competia desde 2016. As três equipas não terão tarefa fácil para assegurar a continuidade entre os melhores daquele futebol.

Vitebsk, FK Minsk, Slavia-Mozyr e Torpedo Zhodino são já “habitués” no principal escalão, lote ao qual Slutsk (promovido em 2013), Energetik (promovido em 2014) Isloch Minsk (promovido em 2015),  Gorodeja (promovido em 2016) – a imprensa dá conta de alguns problemas financeiros no seio do clube – se pretendem juntar. 

Decorridas que estão cinco jornadas, a edição mais mediática de sempre da Vysshaya Liga tem ficado marcado por algumas surpresas, tanto que Slutsk, Torpedo Zhodino e Vitebsk lideram à entrada para a ronda com dez pontos cada. Porque o campeonato é uma maratona e não um sprint, muita coisa mudará até dezembro. O favoritismo quanto à conquista do título está do lado do BATE Borisov apesar da instabiliade em termos de liderança técnica que tem marcado os últimos tempos, ao passo que a discussão pelos dois lugares europeus se adivinha muito equilibrada. Quanto à luta pela manutenção, os emblemas recém-promovidos têm uma árdua tarefa pela frente. 

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